Divulgações e omissões comunistas
Posted by atrida em Quinta-feira, Março 6, 2008
«A colecção do Avante!, de 15 de Fevereiro de 1931 a Abril de 1974, está no “site” do PCP (www.pcp.pt) numa secção especial, é consultável através de datas e temas, sendo uma das formas de o partido assinalar o 87.º aniversário.» Diz-nos a notícia da RTP que «desde a reorganização do PCP de 1940/41, em que o líder histórico, Álvaro Cunhal, teve um papel central, que o jornal do PCP se publica sem interrupções, mesmo durante a ditadura, derrubada a 25 de Abril de 1974».
Não conheço a fundo a história deste jornal mas o mínimo que se pode dizer é que o hiato entre Maio de 1939 e Agosto de 1941 no rol de números consultáveis no site do PCP é mais que conveniente pois exclui todo o período que medeia entre o Pacto Ribbentrop-Molotoff (24 de Agosto de 1939) e a invasão da URSS pelas tropas de Hitler (22 de Junho de 1941). Nesse período os satélites ocidentais do PCUS eram no mínimo indulgentes para com o regime nacional-socialista. Até o PCF mostrava a maior tolerância para com o ocupante da França!
Depois, com a entrada da Wehrmacht em território soviético, em 22 de Maio de 1941, os comunistas de todo o mundo puderam dar largas ao seu anti-nazismo visceral… Muito gostaríamos de poder ler os comunicados do Dr. Cunhal e seus acólitos sobre a amizade alemã-soviética…
Quanto ao arquivo consultável, é-nos servido o habitual repositório da lenga-lenga comunista, com as suas omissões convenientes e a linguagem fria de politburo, com a denúncia do salazarismo página-sim, página-sim e a exaltação dos “grandes feitos” soviéticos, com a omissão dos crimes de estado que por lá se praticaram ininterruptamente desde 1917 até ao período de Gorbatchov.
euro-ultramarino said
Caro Amigo,
Acrescento, a título de curiosidade, que em França, ao começar a guerra, o PC ordenou a sabotagem do esforço de guerra francês. Pessoa amiga e ex-combatente contou-me com luxo de detalhes como investigou acções de sabotagem executadas por operárias comunistas em fábrica de material bélico destinado à aviação. Quanto à Portugal, a contribuição comunista mede-se pelos milhões de litros de sangue inocente derramados em África para a entrega do nosso Ultramar ao imperialismo soviético. Como há tempos escreveu o Prof. Adriano Moreira, depois dos Czares e de Estaline ninguém expandiu tanto as fronteiras da Rússia. Num país minimamente honrado, tais criaturas já teriam sido afastadas do convívio nacional… Mas, às vezes esqueço que estamos a falar do resto de Portugal. Abraço apertado.
Johnny Drake said
Caro amigo, episódios como este podem ser colocados na estante destinada às “histórias dos vencedores”… Tudo o que nos contam nunca é tudo… Tudo o que sabemos nunca é tudo… Cabe a nós procurar a parte que falta ao que nos contam para perceber aquilo que já sabemos e sentimos ser pouco… e muitas vezes estranho.
Saudações!
JD
Flávio Gonçalves said
Nem de propósito, ontem comecei a ler o livro “Verdes-Castanhos”, muito bom.
Flávio Gonçalves said
Errata: “Vermelhos-Castanhos”, lapso comum confundir o PCP com o PEV.
Interregno.js said
Ainda não fiz o link mas venho cá para na mesma. Sempre instrutivo e cada vez mais acutilante. Parabéns!