Foi uma típica farsa republicana-abrilina.
Ganhou o candidato que foi o melhor aliado dos vende-pátrias, que desbaratou o tecido produtivo nacional, que engordou o sector público para melhor assegurar reeleições, que deu um impulso aos atentados à educação.
O grande derrotado foi o alegre Manuel de Argel, outro vende-pátrias, o poeta da traição, o socialista iconoclasta que nunca abdicou dos seus privilégios de deputado supostamente não-alinhado com a sua bancada.
Outro suposto não-alinhado, ex-mandatário do BE, portanto profundamente capacitado para evoluir neste podre regime, foi a “surpresa” – aquelas surpresas a que este pobre país vai tendo direito. Que saudades da “divina surpresa” de que falava Maurras…
Não podia faltar o candidato do PC, o partido internacionalista (entenda-se: subserviente de Moscovo) que, com o desmoronar da URSS, se descobriu uma “alternativa patriótica e de esquerda”. Adiante…
Outra “surpresa”, a boa votação do candidato que arvorou no parlamento “maderense” uma bandeira no mínimo iconoclasta – a contrario sensu, já se vê, que a iconoclastia neste regime é tudo menos isso mesmo!
Valerá a pena falar do candidato não oficial do partido no poder, partido esse que teve que gramar um candidato oficial que não pretendia?…
Para apimentar ainda mais este indigestíssimo prato tivemos a comédia dos números do cartão de eleitor que desapareceram para os preclaros portugueses que, simplexamente, optaram por aderir ao cartão do cidadão – esse mesmo, o cidadão que em França se canta que devia pegar em armas… Mas não nestes democráticos tempos, que – voltando a Maurras – a república (em particular este regime) governa mal mas defende-se bem.
Há umas décadas atrás este cenário pareceria cataclísmico (expressão ontem utilizada pelo inefável Sarkozy ao evocar o que sucederia se o euro desaparecesse!), hoje, que nele estamos imersos, parece uma trágica piada de mau gosto.