A esquerda e a direitinha andam histéricas com os resultados das legislativas italianas – que recolocaram no governo três bestas negras de uma assentada: Berlusconi, Bossi e Fini – e com a eleição de Gianni Alemanno (ex-fascista, como os media gostam de martelar) para a câmara municipal da Cidade Eterna.
Estes resultados confirmam a minha percepção de muitos anos de que se há esperança para a Europa ela reside na Itália. Não que Berlusconi – o europeísta, o filo-sionista, o capitalista sem grandes preocupações éticas -, Bossi – o demagogo que sonha com o desmembramento do bel paese -, ou Fini – o aggiornato por excelência, renegando o seu passado de missino e toda a herança mussoliniana – sejam modelos de virtude. Nada disso. Mas sim porque naquele país a população ainda resiste aos ditames do politicamente correcto, ainda quer resisitir à invasão migratória, ainda se orgulha (e muito) das suas raízes e da sua história e não tem, em geral, complexos com os rótulos com que os vende-pátrias gostam de intitular as suas periódicas vagas de rebeldia eleitoral.
Algo de fundamental que o Estado Novo não logrou – vencer a batalha cultural – a Itália de Mussolini em parte conseguiu. Criou-se uma base doutrinária, não se remeteu o regime para um conservadorismo, aliando-se a modernização tecnológica à estética futurista (e que melhor exemplo de coerência que o já idoso Marinetti a combater na frente leste!). E, depois, o seu legado continuou no MSI, autêntico baluarte de resistência quer ao comunismo quer à democracia-cristã refém da mafia. E há, claro, o dinamismo cultural, a irreverência da Destra, as associações de jovens, os eventos culturais, a imprensa alternativa, as edições a contra-corrente.
Se há país onde ainda é possível encontrar-se um espírito de saudável irreverência face ao politicamente correcto, é a Itália esse país. E é na Itália que se encontra o último reduto de resistentes à nova ordem mundial. Que saibamos retirar da realidade italiana as lições para o combate em lusas terras.