Odisseia

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Para acabar de vez com o mito Aristides Sousa Mendes

Posted by atrida em Domingo, Outubro 18, 2009

JHSNa segunda parte da entrevista de José Hermano Saraiva ao Sol, por ocasião do seu 90º aniversário, o historiador mais uma vez ajuda a causa da verdade relativamente ao mito Aristides Sousa Mendes. Num processo sórdido que até envolveu a subtracção de documentos do Ministério dos Negócios Estrangeiros, documentos esses que mais facilmente ajudariam a demolir o mito, não é fácil ajudar a desfazer uma história que ainda por cima contribui para denegrir mais uma vez Oliveira Salazar.

Lemos, assim, na página 40 do suplemento “Tabú”:

– Nas suas Memórias provocou um grande escândalo ao dizer que Aristides Sousa Mendes não foi o herói que fizeram dele, e até levantou dúvidas sobre as intenções daquilo que se considera o seu grande papel na salvação de vidas. Em que é que se baseou para fazer esse outro retrato de Aristides Sousa Mendes?

-Quando advogado, eu almoçava todos os dias num restaurante numa rua da Baixa, onde se comia muito bem, e travei relações com um homem que tinha sido subinspector da PIDE e que fora demitido. Tornara-se solicitador – um solicitador não encartado – e ajudava muitos advogados. Esse homem contou-me que tinha sido demitido por causa do processo do Aristides. Ele e outro inspector fizeram um cambalacho com uns passaportes falsos que venderam muito caro. Mais tarde, o Eng. Leite Pinto antigo ministro da Educação, contou-me que, quando era administrador dos caminhos-de-ferro da Beira, Salazar lhe pediu para fazer uma operação-mistério, de grande porte, que era transportar da fronteira de Irun para Vilar Formoso milhares de republicanos espanhóis e judeus que lá estavam acumulados e que o Franco, se os apanhasse, matava. E que, se lá ficassem, eram mortos pelos apoiantes do Hitler. Então, os comboios do volfrâmio, que iam para lá selados, eram despejados em Irun e recarregados com os refugiados, que eram despejados em Vilar Formoso. Daí eram levados para várias terras – uma delas, as Caldas da Rainha, onde toda a gente sabe que estiveram um mês. Ao fim de um mês tinham de ir à sua vida. De facto, qual era a possibilidade de um cônsul, um simples cônsul, mobilizar meios para transportar 40 mil pessoas através de um país hostil? Como é que isso seria possível? Só era possível para uma organização estatal, como é evidente. Mais: não há nenhum documento do Aristides que diga isso, não há nenhum. E ele nem sequer foi demitido, porque era monárquico, era irmão do César de Sousa Mendes, que tinha sido ministro juntamente com o Dr. Salazar, ministro dos Estrangeiros. Tinha uma carreira obscura, já com vários processos disciplinares. Naquela altura estava em Bordéus, que era um consulado sem grande importância, tinha uma família numerosa e dificuldades económicas. Fizeram umas centenas de passaportes, que venderam, até que a PIDE deu por isso. Acontece que um dos beneficiários dos passaportes, um judeu, soube que tinham sido salvas 40 mil pessoas e concluiu que o haviam sido pela mesma porta dele, pelo cônsul de Bordéus, e veio dizê-lo. E isso foi aceite imediatamente, sem a mínima investigação…

11 Respostas to “Para acabar de vez com o mito Aristides Sousa Mendes”

  1. Miguel Vaz said

    Um mito que está de tal forma enraízado que se torna difícil de desmontar.

  2. […] de Souza Mendes – quanto de verdade e quanto de mito? Para acabar de vez com o mito Aristides Sousa Mendes [IMG]file:///C:/DOCUME%7E1/LUISAN%7E1/DEFINI%7E1/Temp/moz-screenshot-18.png[/IMG] Na segunda […]

    • E uma grande vergonha para este senhor Jose’ Hermano Saraiva falar desta maneira da grande pessoa que foi o meu avo^ Aristides de Sousa Mendes. No’s conhecemos a verdadeira histo’ria! O Sr. Hermano Saraiva passara’ a histo’ria pelas suas mentiras e ma’ vontade. O que ele afirma e’ totalmente falso. O senhor Hermano Saraiva fica no ridi’culo maior ao falar assim, e’ na~o so’ causa dor aos descendentes e simpatizantes do ASM, mas causa-se ser o alvo do opro’brio pu’blico do qual nunca jamais se recuperara’. Como dizemos em ingle^s: “He’s shooting himself in the foot and then sticking it into his mouth”. Pobre senhor Jose’ Hermano Saraiva, pergunto-me quem e ta~o tonto para acreditar nele?

      • Fernandes said

        Aristides Sousa Mendes – Mito ou Fraude – Tudo menos realidade.

        O falecido professor José Hermano Saraiva era um luminar em História e uma pessoa séria, que nada lucrava com enfatizar ou denegrir a imagem do Aristides. Agora expor a realidade já é outra coisa e algo totalmente correcto!!! Qualquer pessoa com algum Q.I. que investigue a História das acções do Cônsul de Bordéus chega à mesma conclusão. O suposto grande salvador e mártir foi uma fraude meticulosamente montada.
        «Do memorando inglês, datado de 20/6/1940, entre outras coisas, consta o seguinte: “O cônsul de Portugal em Bordéus protela para fora das horas de expediente todos os pedidos de vistos, e cobra por ele taxas extraordinárias”. “Pelo menos num caso foi ainda o interessado convidado a contribuir para um fundo português de caridade antes de ser-lhe concedido o visto”».

        Carlos Fernandes (in O Cônsul Aristides Sousa Mendes. A Verdade e a Mentira, p. 62).

        Na sequência da polémica suscitada pela entrevista realizada no semanário O Diabo (2 de Julho de 2013) ao autor de O Cônsul Aristides de Sousa Mendes. A Verdade e a Mentira, veio, no número imediatamente seguinte (9 de Julho de 2013), este trecho deveras significativo: «O Professor José Hermano Saraiva revela no volume 6.º das suas Memórias, publicadas pelo semanário “Sol”, uma conversa com o Professor Leite Pinto: “Fala, a propósito, na operação de salvamento dos refugiados republicanos espanhóis e dos judeus que, no início da Segunda Guerra Mundial, se acumulavam na fronteira de Irun, na ânsia de salvar as vidas. Vieram embarcados nos vagões da Companhia dos Caminhos de Ferro da Beira Alta, que iam até Irun carregados de Volfrâmio, e voltavam a Vilar Formoso carregados de fugitivos. (…) Segundo um protocolo firmado pelas autoridades ferroviárias dos dois países, os vagões deviam circular selados, quer à ida quer à vinda. Um dos que assim salvaram a vida foi o Barão de Rothschild. O embaixador Teixeira de Sampaio confirmou-me, mais tarde, esses factos. O salvamento de 30.000 refugiados deu-se ao mesmo tempo que o cônsul de Portugal em Bordéus, em cumplicidade com dois funcionários da PIDE, falsificava algumas centenas de vistos, que vendia por bom preço a emigrantes com dinheiro. Um dos que utilizaram esta via supôs que todos os outros vieram do mesmo modo – e assim nasceu a versão, hoje oficialmente consagrada, de que a operação de salvamento se deve ao cônsul de Bordéus, Aristides de Sousa Mendes. Este, homem muito afecto ao Estado Novo, nem sequer foi demitido, mas sim colocado na situação de aguardar aposentação. Os seus cúmplices da PIDE foram julgados, condenados e demitidos”».

        José Hermano Saraiva

        José Manuel Mendes diz uma série de excentricidades bem escusadas, acentuando que Bordéus seria uma cidade ocupada pelas tropas de Hitler (o que é completamente mentira) e, quase a terminar, elogia a condecoração dada a Aristides, “valorando o seu perfil de perseguido pelo escalracho salazarista” (quem é aqui o escalracho?!, um ditador moderado e legalista ou um totalitário estalinista, que, agora, toda a gente renega?).

        Por sua vez, Isabel Espada qualifica Aristides de diplomata de carreira, que teria dado “milhares de vistos a judeus e outros refugiados da Alemanha nazi (mais uma descoberta), os quais desta forma escaparam à morte em campos de concentração” (quais e onde?).

        Isto ter-lhe-á valido “a expulsão da carreira diplomática, situação em que se manteve até à sua morte” (como sabemos, é uma completa mentira), donde advieram as suas dificuldades económicas.

        E, depois, “pensa-se que terá salvaguardado a segurança e integridade física de cerca de 30.000 refugiados”, para terminar dizendo: “Pensar que Portugal proibiu a atribuição de vistos àqueles que, sem eles e por motivos de discriminação racial, estariam condenados à morte, enche-nos de vergonha, por essa parte da nossa história” (vergonha é mentir ou ser ignorante).

        Narana Coissoró falou, tal como os outros, suponho que por ignorância indesculpável, não sabendo, portanto, o que disse, começando assim: “Este ilustre português e cabanense notabilizou-se no furor do nazismo, em 1940… ao possibilitar a fuga de cerca de 30.000 refugiados, na sua maior parte judeus, que assim escaparam à morte em campos de concentração e extermínio”.

        E, “isto valeu ao funcionário a expulsão da carreira diplomática”, sendo um herói português (isto é mesmo à Narana, como se dizia no CDS; pobre Coissoró!).

        Leonardo Ribeiro de Almeida, que foi o relator da famosa lei, também sem qualquer estudo ou exame crítico, disse: “O cônsul Sousa Mendes emitiu milhares de vistos em benefício de outros tantos cidadãos, na sua maioria judeus, que puderam, por essa via, alcançar a liberdade e fugir à deportação e à morte” (não carece de comentários, tal é a mentira e a insensatez de tudo isto).

        Ora bem, a chamada solução do caso Sousa Mendes é o paradigma da ligeireza e completa politização com que se tem conduzido a res publica em Portugal.

        De facto, depois de vermos a nossa A. da República e com que argumentos, por unanimidade e grande aplauso, orquestrados previamente entre os partidos, alegando as mesmas falácias e demonstrando, sobretudo os quatro deputados intervenientes no debate, completa falta de estudo e de espírito crítico – e admitimos que não tenham agido de má-fé, o que, apesar de tudo, os não desculpa -, admiram-se alguns do estado a que o Estado chegou, e onde, infelizmente, nos encontramos, sem se saber como nem quando poderemos sair do pântano em que nos meteram por incompetência e mendacidade.

        A falsificação seja do que for, é a negação da verdade, e, como tal, aberrante, sendo a falsificação da história uma das mais aberrantes. E, se a falsificação for feita por diploma legislativo, estaremos perante a mais completa destruição de uma ordem social baseada no Direito e na Moral, que são os pilares da democracia.

        A história não se faz por lei ou decreto-lei, que são sempre instrumentos políticos manuseáveis e manuseados por quem tem o poder de fazer a lei.

        Ora, isto foi apanágio dos estalinismos, mas não pode sê-lo dos Estados de Direito».

      • hdocoutto said

        Li atentamente, só posso dizer uma coisa: O Senhor é uma besta.
        Helder Paraná Do Coutto.

  3. […] Aristides Sousa Mendes, Franco, José Hermano Saraiva, Salazar O Odisseia transcreve uma parte da entrevista do professor José Hermano Saraiva ao semanário SOL, na qual se refere a Aristides Sousa Mendes nestes termos: « Quando advogado, eu almoçava todos […]

  4. ARISTIDES FILHO said

    SEI POUCO SOBRE ARISTIDES SOUSA MENDES, MAIS O POUCO QUE SEI ACHO QUE ELE AJUDOU!!, SIM !!, MUITA GENTE…NAUM IMPORTA O QUE ELE FEZ PRA AJUDAR NO SEU DESESPERO FINANCEIRO POIS ERA PAI DE 14 FILHOS. AHH NOS DIAS DE HOJE…

  5. Anónimo said

    […] […]

  6. Anónimo said

    Eu acredito no prof jose hermano saraiva. deixem investigar sem censura nos arquivos….

  7. Como pode ser tão ma informado? Sousa Mendes não transportou as 40 mil pesoas, deu-lhes visto.

  8. Rui tojal said

    Mesmo sem ter elementos – e quem os tem? Só um historiador imparcial que investigue a sério o assunto… – parece-me realmente impossível um simples cônsul meter 40.000 pessoas em Portugal em plena guerra mundial e num regime de ditadura, num curto período de tempo, sem total conhecimento das autoridades da época.e mais que isso, a sua colbaoração ativa.

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