Odisseia

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Brasillach e o fim de um mundo

Posted by atrida em Terça-feira, Abril 7, 2009

rbrasNestes tempos em que andamos a correr que nem doidos não se sabe na verdade bem para quê; em que tantas vezes nos falta a capacidade de parar, respirar, seguir o vôo de um pássaro, estendermo-nos na relva com um bom livro ou simplesmente para deixar fluir as horas, preguiçosamente; nestes tempos em que nos tornámos vítimas de um certo modo de vida, trepidante, epiléctico, orientado para o material, descurando, melhor dizendo desprezando, o espiritual, o Alto, o Ideal; nestes tempos, deixei passar o centenário do nascimento de um homem de letras, de um idealista, que tanto criticou a escravização do mundo ocidental – da Europa dos cavaleiros, dos lutadores intrépidos e generosos, dos artistas, dos criadores do belo e do Eterno – aos ditames de certa tribo que lutou por destruir tudo isto para nas suas ruínas edificar o seu reino muito especial: um reino onde poucos mandam e a grande maioria, sem se aperceber, sobrevive subjugada a um modo de vida estranho à sua tradição.

Robert Brasillach nasceu em 31 de Março de 1909 e morreu, sob as balas dos “libertadores”, num fatídico 6 de Fevereiro de 1945. O escritor que cantou a juventude como poucos em “Notre Avant Guerre” deixava este vale de lágrimas com apenas 35 primaveras. O francês com raízes catalãs teve uma formação clássica, complementada com a feliz colaboração na “Action Française”, de Charles Maurras, que viria a deixar para embarcar na aventura do “Je Suis Partout”, permancendo no entanto sempre fiel (mais em consideração do que em ideário político) ao Mestre de Martigues.

Escreveu obras notáveis, entre memórias, romances e ensaios históricos (uma história do cinema e uma história da guerra de Espanha com o cunhado Maurice Bardèche) e muitos artigos para jornais. Aqui esteve a sua “perda”, com a defesa acalorada da Alemanha hitleriana e de uma política de colaboração com o ocupante. Nem sempre foi feliz no que escreveu, numa época de extremos e radicalismos, de campos inconciliáveis que conduziam uma luta sem quartel.

A sua execução é bem o símbolo do fim de um mundo onde algum ideal ainda pudesse sobrepor-se ao reino do material, onde os homens não se desunhassem para produzir insensatamente toneladas de desperdício, submetidos à lógica do deus-dinheiro ou da grandeza do partido. O suspiro que Robert deu nessa triste manhã foi também o suspiro final de uma Europa livre e senhora do seu destino de civilização.

***

Complemento de leitura: A Morte de Robert Brasillach.

Uma resposta to “Brasillach e o fim de um mundo”

  1. DB said

    Caro Amigo,

    Excelente texto! Não resisti a pilhar essa brilhante e inspirada conclusão para republicar no meu blog.

    Um abraço.

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