Odisseia

«Mas está oculto no seio dos deuses se voltará ou não, para se vingar deles na sua casa.» (Homero)

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Votar?

Posted by atrida em Segunda-feira, Março 16, 2009

Quem me conhece sabe que não sou pessoa de democracias. A democracia é, a meu ver, o regime em que o povo é mais logrado: na ilusão do seu suposto poder (que mais não é do que, de quatro em quatro anos, depositar um papelinho votando numa lista de candidatos pré-fabricada) é despojado do mesmo, da sua capacidade de ser bem governado, sendo antes dirigido por quem se governa bem.

Já mestre Maurras demonstrara que a democracia é a casa da corrupção, do controlo do Estado por grupos de interesses que são estranhos ao bem estar da população e antagonizam a sua história e os seus valores tradicionais em benefício do seu bem estar muito particular e de agendas obscuras. Distribuindo-se pelos partidos com hipóteses de chegar ao governo, verdadeira máfia que é, a clique democrata manieta as nações, subjugando os povos com um grau de controlo inominável, tornando impossível a vida fora do “guarda-chuva” da todo-poderosa legislação democrática.

Pelo que precede se compreenderá porque é que raramente voto: não só isso representa dar uma caução a um regime abominável, como é a expressão da impotência em lutar contra o mesmo. Há quem pense que esta luta se pode fazer dentro do sistema. Duvido – e os factos dão-me razão (basta lembrar a mão cheia de nada que alcançou o FN em França ao longo de trinta anos de excelentes votações ou a impossibilidade de manutenção do FPÖ no governo de coligação austríaco ostracizado pela democratíssima UE – União Escravizadora). Isto não obsta a que se possa entender o voto como uma manifestação de indignação, de desprezo, de protesto.

Esta arenga vem a propósito da candidatura de Humberto Nuno Oliveira ao parlamento europeu. Anti-europeísta que sou, nunca me dei ao trabalho de votar – nem mesmo nulo – nas eleições ditas europeias. Votar para eleger indivíduos que durante quatro anos vão abichar uns milhares e ajudar a consolidar este estado totalitário que é a soviética UE não faz o meu género. No entanto, há que louvar o esforço de HNO em fazer passar uma mensagem que diz o essencial sobre esta bárbara Europa que nos impuseram: combatendo o federalismo, o esvaziar das liberdades nacionais, a imersão na globalização asfixiante e a imigração desregrada e metodicamente escolhida para destruir os povos europeus e as suas tradições que ainda resistem – HNO faz muito pelo seu país, empunhando a bandeira dos bons valores, dos valores sãos da dignidade nacional e da liberdade pátria contra o rolo compressor mundialista.

Nunca o fiz em quatro anos e meio de blogue e assim continuarei: não apelo ao voto em nenhum partido ou projecto porque tenho legítimas dúvidas sobre a sua eficácia e porque isso vai contra as minhas profundas convicções; mas não quis deixar de partilhar convosco um testemunho de respeito e gratidão para com a corajosa campanha que HNO está a levar a cabo.

14 Respostas to “Votar?”

  1. Euro-Ultramarino said

    Caríssimo:
    Não imagina a satisfação que me dá este regresso em força. Bem haja!
    Um abraço apertado.

  2. R3D3 said

    “da sua capacidade de ser bem governado”

    E como é que o Povo ganharia essa “capacidade” mantendo (ou adquirindo) também a não menos importante “capacidade” de responsabilizar o Poder governativo pelos seus actos?

  3. R3D3 said

    E em caso do Poder fazer asneira como seria esse Poder responsabilizado e, se necessário substituído?

    Não será o Povo “logrado” em todos os sistemas governativos?
    Não serão todos os sistemas de governação “totalitários” (com ou sem aspas)?
    Não será essa a própria essência do PODER?

  4. Por vezes o voto tem um significado testemunhal, que ultrapassa a mera contabilidade.
    Pode ser um manifesto vivo.
    Creio que Maurras escreveu, com ironia, em polémicas semelhantes, que “contra a democracia todos os meios são legítimos, até os democráticos”…
    Se não foi assim, foi algo parecido: queria ele alvejar com a sua sabedoria as atitudes maximalistas que em nome da pureza de ideais rejeitam o possível, para perseguir o nada.
    De resto, a para quem não tem muito respeito por votos e votações não é lógico estar a sacralizá-lo, e a ser tão cioso com ele. Vamos considerá-lo como um mero instrumento, e usá-lo no que momentaneamente se mostrar mais útil.
    Penso que pode não se ganhar nada em ir às urnas; é uma possibilidade que temos que aceitar. Mas nunca se ganhou nada em não ir, e essa é uma certeza que temos que ter presente.

  5. fsantos said

    Obrigado, caro Euro-Ultramarino. Vá mandando notícias – e escrevendo!

    Caro leitor R3D3: essa discussão transcende o âmbito de um modesto blogue como este. Deixo umas dicas, para reflexão e aprofundamento:
    «E como é que o Povo ganharia essa “capacidade” mantendo (ou adquirindo) também a não menos importante “capacidade” de responsabilizar o Poder governativo pelos seus actos?» – Por muitas voltas que se dê, só um Rei pode ser o depositário dos mais profundos valores de uma Nação e seu defensor intransigente, numa base de continuidade (em determinado momento histórico esses valores podem ser bem defendidos num regime republicano mas faltará sempre a continuidade que só a Monarquia assegura. Isto não significa que a instauração da Monarquia, só por si, resolva os problemas de um país, basta ver um regime como o que se vê em Espanha, por exemplo, em que o rei é simples testemunha impávida e serena da destruição de um país.
    «E em caso do Poder fazer asneira como seria esse Poder responsabilizado e, se necessário substituído? – Ver acima.
    «Não será o Povo “logrado” em todos os sistemas governativos?» – Se o Chefe de Estado estiver incumbido – e assumir esse alto encargo – de defender as mais profundas aspirações de um povo e de uma Nação diminui-se a probabilidade desse logro, e seguramente de esse logro ser a base de todo o sistema político.

    Caro Manuel: as suas são palavras de um pragmatismo sensato.

  6. O Raio said

    Eu de nenhuma forma apoio esta coisa anómala que se chama União Europeia mas há um pormenor que é necessário sublinhar.
    É uso achar-se que a UE caminha para o federalismo e que uma federação seria o último tijolo da UE.
    Nada disso, do mal o menos, uma Europa Federal até seria preferível à que existe.
    É que numa federação há equilibrio entre os Estados. Nos Estados Unidos, por exemplo, cada Estado tem dois Senadores quer seja o Delawere com uns seiscentos ou setecentos mil habitantes ou a Califórnia com mais de trinta milhões.
    A Câmara baixa (Câmara dos Representantes) é que tem uma representação proporcional.
    Isto dá um equilibrio e faz com que nenhum Estado tenha capacidade para ditar ordens aos outros como acontece na Europa.
    Em resumo, a UE é muito pior do que uma federação e, claro, não caminha para nenhum tipo de federalismo.
    A UE é o diktat dos grandes sobre os pequenos, nada mais.

  7. Optio said

    Bem observado, ó retornado.

    Lá irei eu também quebrar o jejum, ou talvez não.

    😉

  8. Maria said

    Tirou-me as palavras da boca, como soe dizer-se.
    De facto com o sistema vigente não há a mínima hipótese de “isto” melhorar, bem p’lo contrário daqui pra frente iremos sempre de mal a pior. Mas como diz o Manuel e com razão, “pode não se ganhar nada em ir à urnas… mas nunca se ganhou nada em não ir”.

    Sobre o PNR, permito-me deixar algumas considerações leais e justas. Se este partido, que muito respeito, quanto mais que não fora pelos seus ilustres dirigentes, é verdadeiramente nacionalista e patriótico e nada nos diz que o não é; se é um partido cujas linhas programáticas são completamente distintas dos que servem o poder; se preconiza alterações drásticas às políticas governamentais, as mesmas que não mudam há décadas e com os resultados miseráveis que estão à vista; se não se revê de modo algum neste sistema (como de resto o não fazem 90% dos portugueses); se é defensor estrénuo da independência política e económica do país face ao exterior; se defende acèrrimamente as tradições e valores dos portugueses – o completo oposto daquilo que o sistema instituído advoga – como é que deseja fazer parte dele? Dirá que é por dentro que o sistema se combate. Já ouvi o mesmo argumento a outros partidos, que no entanto nunca o conseguiram. Este é um sistema que está provadíssimo, não se consegue combater por dentro, ganhou defesas próprias, é imune a mudanças vindas d’outrem, encontra-se hermèticamente fechado sobre si mesmo. Sabemos e temos 35 anos de experiência, que este é um sistema adulterado e que não admite combates leais muito simplesmente porque está baseado na hipocrisia, na mentira e no sofisma. É um sistema imbatível – seja ele por dentro, ao lado, por cima ou por baixo. É um sistema bolorento e tudo o que tem bolôr significa que está pôdre, é algo inaproveitável, deita-se para o lixo e substitui-se. Está visto que este é um sistema que só será derrubado se for combatido POR FORA.

    Até lá restam as eleições (manipuladas) para quem ainda acreditar nelas. E as sondagens (falsificadas) para ir entretendo os futuros eleitores, subliminarmente orientando-lhes o voto – não perdem nada com esta táctica (paga) e até têm ganho alguns bons milhares de votos com a mesma … que aliás não servem para nada visto estar tudo antecipadamente decidido, contudo, utilizando-a, pagam simultâneamente o ordenado a quem foi lá colocado justamente por e para isso e mantêm acesa a chama de mais um polo, ou secção, ao serviço desta a farsa monumental que nos impuseram, em que são autores e principais interpretes – mas cìnicamente sugerindo-lhes que são eles que têm voto na matéria. Literalmente.
    Maria

    Nota: Não posso comentar no Reverência (a propósito de uma susgestão dada pelo Autor deste Blog, no Sexo dos Anjos) por alguns problemas técnicos deste computador, caso contrário tê-lo-ia feito anteriormente e agora. E também noutras alturas em que tenho querido dar-lhes os parabéns por determinado escrito com que concordo, não obstante infrutìferamente. O mesmo sucede relativamente a alguns outros Blogs que muito aprecio ler, mas aos quais, infelizmente e por enquanto, não consigo aceder.

  9. Maria said

    “… quanto mais não fora”.
    Há uma ou outra vogal isolada, que está a mais. Peço desculpa.

  10. A discussão está animada!
    Estou a pensar nas análises do Pedro Arroja….

  11. observador said

    Por acaso fiz um click no ‘Odisseia’ e vi que regressaste.
    A Europa está a viver a maior encruzilhada da sua história, e a pior atitude que se pode tomar é ficar calado.
    Obrigados pelo regresso.

  12. Diogo said

    A mudança de Paradigma político é possível. Está a um passo de um referendo visando a adopção de um regime presidencialista. Não é o fim em si mesmo mas, acredito, seria um meio que a médio prazo permitiria reestruturar o Estado nas suas várias vertentes da organica do poder. Ao invés de referendos sobre o casamento de homossexuais, exijamos um que permita uma alteração à Constituição (estre as muitas que a actual Constituição necessita), no sentido de adoptarmos um regime presidencialista. Regime presidencialista já.

  13. Já me disseram que “a democracia consiste de 3 lobos e uma ovelha a votarem sobre quem será o jantar”.

    Eu por sorte como estou recenseado nos Açores acabo por raramente votar, nestas europeias contudo optei por apoiar um candidato que não é o HNO… opção mais de camaradagem do que ideológica já que embora tendo conhecido o HNO no PNR tenho trabalhado no pós-PNR com outro candidato que me merece, no mínimo, igual confiança política.

  14. […] sempre arranjou forma de as neutralizar e de reforçar as medidas de liquidação pátria, como frisei há três […]

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